terça-feira, 9 de agosto de 2011

O QUE É IMPORTANTE?????????

Um dia, durante uma conversa entre advogados, me fizeram uma pergunta:
- O que de mais importante você já fez na sua vida?

A resposta me veio a mente na hora, mas não foi a que respondi pois
as circunstâncias não eram apropriadas.

No papel de advogado da indústria do espetáculo, sabia que os assistentes
queriam escutar anedotas sobre meu trabalho com as celebridades.

Mas aqui vai a verdadeira, que surgiu das profundezas das minhas recordações:
- O mais importante que já fiz na minha vida, ocorreu em 08 de outubro de 1990.

Comecei o dia jogando golfe com um ex-colega e amigo meu que há muito
não o via. Entre uma jogada e outra, conversávamos a respeito do que acontecia
na vida de cada um. Ele me contava que sua esposa e ele acabavam de ter um bebê.

Enquanto jogávamos chegou o pai do meu amigo que, consternado, lhe diz que
seu bebê parou de respirar e que foi levado para o hospital com urgência.

No mesmo instante, meu amigo subiu no carro de seu pai e se foi. Por um
momento fiquei onde estava, sem pensar nem mover-me, mas logo tratei
de pensar no que deveria fazer: Seguir meu amigo ao hospital?

Minha presença, disse a mim mesmo, não serviria de nada pois a criança
certamente está sob cuidados de médicos, enfermeiras, e nada havia que eu
pudesse fazer para mudar a situação.

Oferecer meu apoio moral? Talvez, mas tanto ele quanto sua esposa vinham
de famílias numerosas e sem dúvida estariam rodeados de amigos e familiares
que lhes ofereceriam apoio e conforto necessários acontecesse o que acontecesse.

A única coisa que eu faria indo até lá, era atrapalhar. Decidi que mais tarde
iria ver o meu amigo.

Quando dei a partida no meu carro, percebi que o meu amigo havia deixado
o seu carro, aberto com as chaves na ignição, estacionado junto as quadras
de tênis. Decidi, então, fechar o carro e ir até o hospital entregar-lhe as chaves.

Como imaginei, a sala de espera estava repleta de familiares que os consolavam.
Entrei sem fazer ruído e fiquei junto a porta pensando o que deveria fazer.
Não demorou muito e surgiu um médico que aproximou-se do casal e em voz baixa, comunica o falecimento do bebê.

Durante os instantes que ficaram abraçados - a mim pareceu uma eternidade
- choravam enquanto todos os demais ficaram ao redor daquele silêncio de dor.

O médico lhes perguntou se desejariam ficar alguns instantes com a criança.

Meus amigos ficaram de pé e caminharam resignadamente até a porta.
Ao ver-me ali, aquela mãe me abraçou e começou a chorar. Também meu amigo
se refugiou em meus braços e me disse: - Muito Obrigado por estar aqui!

Durante o resto da manhã fiquei sentado na sala de emergências do hospital,
vendo meu amigo e sua esposa segurar nos braços seu bebê, despedindo-se dele.

Isso foi o mais importante que já fiz na minha vida."

Aquela experiência me deixou três lições:

PRIMEIRA: o mais importante que fiz na vida ocorreu quando não havia
absolutamente nada, nada que eu pudesse fazer. Nada daquilo que aprendi
na universidade, nem nos anos em que exercia a minha profissão, nem todo
o racional que utilizei para analisar a situação e decidir o que eu deveria fazer,
me serviu para aquelas circunstâncias.

SEGUNDA: estou convencido que o mais importante que já fiz na minha vida
esteve a ponto de não ocorrer, justamente devido as coisas que aprendi
na universidade, aos conceitos do racional que aplicava na minha vida pessoal,
assim como faço na profissional.

Ao aprender a pensar, quase me esqueci de Sentir.

TERCEIRA: aprendi que a vida pode mudar em um instante. Intelectualmente
todos nós sabemos disso, mas acreditamos que os infortúnios acontecem com
os outros. Assim fazemos nossos planos e imaginamos nosso futuro como algo
tão real como se não houvesse espaços para outras ocorrências.

Mas ao acordarmos de manhã, esquecemos que perder o emprego, sofrer uma
doença, ou cruzar com um motorista embriagado e outras mil coisas,
podem alterar este futuro em um piscar de olhos.

Para alguns é necessário viver uma tragédia para recolocar as coisas
em perspectiva.Desde aquele dia busquei um equilíbrio entre o trabalho
e a minha vida.

Aprendi que nenhum emprego, por mais gratificante que seja, compensa perder
férias, romper um casamento ou passar um dia festivo longe da família.

E aprendi que o mais importante da vida não é ganhar dinheiro, nem ascender socialmente, nem receber honras.

O mais importante da vida é ter tempo para cultivar uma amizade.

Autor Desconhecido

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